Caso ilustrado do tratamento com Método RTA

Este garoto muito simpático é o Kaiki. Ele tem cinco anos, foi um prematuro extremo e seu corpo mostra as marcas deste período difícil. A combinação da biomecânica global da prematuridade com a grave disfunção respiratória e alimentar, que levaram a traqueostomia, e gastrostomia podem ser visualizadas pelo desequilibro toracoabdominal, as profundas retrações costais e a elevação do esterno, que caracterizam o tórax em quilha ou peito de pombo. 

Ele é um menino ativo, mas faz tudo com esforço respiratório. Atividade sensório motora com esforço respiratório resulta em deformidade torácica e perpetuação de padrões anormais de respiração. Tivemos cinco encontros. Ele mora no Rio de Janeiro e eu em Florianópolis. Foi muito gostoso trabalhar com o Kaiki e, para ficar adequado a sua idade, e porque é o que ele precisa, trabalhamos da maneira mais ativa possível. 

A frequência de atendimentos recomendada para um caso como o do Kaiki seria de três vezes por semana, durante o período de três a seis meses. Depois, seguir tratando duas vezes por semana até a remissão da deformidade torácica e do esforço muscular respiratório. 

A participação da família e a conscientização lúdica da criança são fundamentais e, em breve você verá aqui algumas orientações muito úteis em casos como este! 

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01 – Observe a assimetria corporal. Ele está em queda para o lado direito, resultado do maior esforço muscular ventilatório deste lado, o que pode ser notado pela maior retração costal a direita. As retrações são resultado da distorção torácica crônica. 

  

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02 – Observe a assimetria corporal. Ele está em queda para o lado direito, resultado do maior esforço muscular ventilatório deste lado, o que pode ser notado pela maior retração costal a direita. As retrações são resultado da distorção torácica crônica. 

  

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03 – A terapia diária começava sempre com alongamento da cadeia posterior, reposicionamento costal e organização da cintura escapular para reduzir o esforço respiratório e abaixar o esterno e as costelas elevadas. Como ele é muito ativo, começar a terapia de RTA desta maneira também o deixava mais calmo e preparado para o trabalho ativo com mínimo esforço. 

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04 – Após a reorganização da cintura escapular, que consiste de alongamento dos músculos acessórios da inspiração, o diafragma ganhou vantagem mecânica e foi possível fortalecer os músculos acessórios escapulares, através de apoio corrigido dos membros superiores. É muito importante que a criança tenha interesse em participar da atividade e possa brincar enquanto a terapia acontece. 

  

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05 – Com este trabalho no colo, podemos alongar a cadeia posterior e fortalecer os músculos depressores e adutores das escápulas. Quanto maior a desimpactação da coluna vertebral, maior a chance de reposicionar o esterno e as costelas elevadas, facilitando a ação do diafragma que inicia a reexpansão das costelas retraídas e melhora a ventilação. 

  

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06 – Nesta imagem, continua o trabalho de fortalecimento dos músculos escapulares e da cadeia posterior. O trabalho ativo deve ser feito com o máximo de alongamento dos músculos que estão sendo fortalecidos.  Observe que a esta altura, as retrações costais já parecem menores, o que demonstra que o trabalho do diafragma está mais facilitado. 

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07 – Para ficar mais divertido, partimos para a brincadeira do avião. É preciso estabilizar o esterno para que este não se eleve ainda mais e para que se consiga combinação de alongamento e fortalecimento da cadeia posterior, que vai resultar em desimpactação da coluna vertebral. Quanto mais impactada a coluna vertebral, mais profundas se tornam as retrações costais e a distorção torácica, com prejuízo direto à ventilação. Este efeito é maior quando o indivíduo está sentado. 

  

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08 – Vemos aí na imagem acima, o início do treinamento para a brincadeira do caranguejo. No começo, o trabalho é mais estático, mas depois a criança deve se deslocar, andando para trás. Toda a região posterior do corpo trabalha; principalmente os glúteos que, quando fortalecidos, tiram a dominância flexora dos músculos psoas e ilíaco que impacta a coluna lombar e eleva as costelas, diminuindo a ação dos abdominais e do diafragma 

  

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09 – Observe o relaxamento dos músculos acessórios da inspiração da cintura escapular. É o resultado de todo o trabalho anterior e agora sim é um bom momento para estimular o diafragma, quando não há mais a carga gerada pela elevação da caixa torácica que se opõe ao movimento diafragmático. 

  

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10 – A cambalhota é uma forma lúdica para alongar a cadeia posterior, mas deve ser utilizada quando já há menor impacto nas articulações intervertebrais, costo esternais e costo vertebrais. Então, trabalhamos assim quando estávamos chegando ao final do atendimento. 

  

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11 – Para finalizar, fortalecimento dos abdominais, com muito reposicionamento costal. Este trabalho é bastante difícil, mas essencial para que as costelas retomem a forma elíptica e a posição adequada de obliquidade e descendência. Somente com esta reorganização biomecânica, podemos colocar o diafragma em vantagem para que expanda as seis últimas costelas e minimize as retrações costais e a distorção torácica. 

 

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